quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um turbilhão de pensamentos...

Querido Blog,

Nunca me imaginei chamando algo inanimado de querido. Mas é vivendo e aprendendo as sensações.
Em 24 horas minha vida passou por tantos, mas tantos assuntos que eu precisava escrever pra tentar colocar tudo em ordem e deixar registrado o que penso hoje.
Primeiro, a Morte. Ontem tive contato com ela, e pensei que esse é o momento mais triste da vida de alguém, isso porque não era um ente querido meu, mas de um amigo. Aí pensei, que a Morte é a única coisa certa que temos na vida, mas não somos treinados ( se é que essa é uma boa palavra) a suportar ela. É uma verdadeira quebra de paradigma. Mas é também um ensinamento ou deveria ser. Sabemos que quem amamos pode ir embora no minuto seguinte e ainda somos capazes de ser cruel muitas vezes, deixando a raiva sobressair ao amor. As vezes somos apenas ausentes, quando queríamos estar ao lado de quem nos faz bem. Depois de cada enterro, eu sempre fico muito sentimental e com um eco dentro de mim, gritando que precisamos parar e ver pra que lado estamos indo. Rever nossas prioridades, sonhos e vontades. Precisamos mesmo viver uma vida inteira negando nossas vontades na ilusão de que um dia teremos tempo para recuperar o tempo perdido?

Contraditório não? De certa forma perdemos tempo para depois achar que podemos recompensá-los. Porque? Quando começamos a ser tão burros assim? Porque não viver logo o tempo dado, oras?

Isso não está só ligado a morte. Está ligado também a tudo o que estamos nos tornando, como sociedade mesmo. Sistema de mercado, política, direitos dos gays, socialismo, utopia são tantos discursos que as vezes falamos sem pensar, defendendo na maioria das vezes aqueles que só querem nos usar.

Sabe, quando eu era criança e me contaram do que tinha sido a escravidão e eu fui nos porões em Ouro Preto-MG e entrei num local que era uma ex-senzala eu senti um arrepio no meu corpo todo e as lágrimas tomarem meus olhos, sem muito saber o porque. Naquele momento eu perguntava a minha "tia" da escola, o porque que os escravos eram a maioria e nunca inverteram essa situação? Ela dizia que os brancos tinham armas mais poderosas. Isso nunca me satisfez.

Levei anos até descobrir que existe um domínio ideológico, que negros vendiam negros e que os escravos chegaram ao ponto de acreditar que eram mesmo inferiores, pelo menos muito deles acreditaram.
E sabe o que é pior? Continuamos a reinventar quais populações devem pagar o preço para que haja domínio. Hoje, acreditamos que pobres são pobres, porque são vagabundos e não querem trabalhar, acreditamos que quem quer tem ascensão financeira. Pior!!! Acreditamos que o cara mais rico do mundo não tem nada a ver com a pobreza do restante do mundo, afinal de contas ele doa milhões para várias entidades. E não importa quem seja o mais rico do mundo no momento ou no momento seguinte.

Quando foi mesmo que acreditamos que tem uns melhores e piores? Quando foi que passamos a aceitar migalhas? Sim, poder comprar um carro é migalha. Poder ter alguns benefícios financeiros é a migalha que te cega e te faz dormir bem todos os dias, enquanto milhões morrem de fome, frio, sede.

Somos tão egoístas, mas tão egoístas, que julgamos certo, mudar o curso de um rio, para alimentar de água uma metrópole, que hoje se encontra sem água. Não preciso falar qual.
O que mais e preocupa, me machuca, me dói, é que não aprendemos com a nossa própria história, com nossos próprios erros. Em fico tentando achar onde está o erro nessa engrenagem.
Fico buscando o porque nosso feeling só se dá para momentos passados?? Quero achar a peça que ajusta isso, para podermos ter a capacidade de olhar pro passado e não errar no presente e podermos pensar melhor o futuro.

Mas uma coisa é certa, se há um pacto social que definiu que tem mesmo que uns morrer de fome pra outros esbanjarem no Caribe, ok. É um pacto social. Mas eu tenho convicção que não há esse pacto social, ninguém perguntou se o cara que passa fome quer continuar passando fome. Aliás, ninguém explicou pra ele com total sinceridade que poderíamos melhorar a vida dele, com um pouquinho mais de humanidade. É aquilo que deveríamos ser, humanos.

Até o dia em que chegar a única certeza da vida de todos, a morte. Eu estarei com a mente em pleno vapor, buscando onde posso ajudar. Nem que seja, me mantendo incorruptível, o que já é uma vitória nesses dias de hoje.

Hoje sugiro alguns textos, caso alguém se esbarre por aqui:

http://leonardoboff.wordpress.com/2014/09/28/a-politica-entre-a-utopia-e-a-realidade/

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/em-palestra-na-ufrgs-mujica-defende-a-liberdade-como-contraponto-ao-consumismo-4595242.html

http://pitadasdosal.com/2014/09/11/dez-razoes-para-nao-aprovar-o-casamento-gay-no-brasil/

O último texto é a ironia necessária pra convivermos com a hipocrisia.

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