segunda-feira, 6 de outubro de 2014

De volta a bipolaridade PT x PSDB

Já votei no PSDB, já votei no PT. Já li veja e acreditei, já li Veja e me enojei.
Já li carta capital e tive repulsa, já li carta capital e achei a solução para os problemas da sociedade.
Sou assim, o reflexo da dialética que minhas descobertas, aprendizados e análises me dão.
Já fiz isso aí tudo e não me envergonho, sempre busquei o que eu achava que seria melhor para as minhas convicções. Achei que privatização era o caminho, hoje não acho mais. Porque as experiências é o que ensina. Não acho que privatizações são o bicho de 7 cabeças que petistas divulgam pelo seu facebook ( empresa privada), nem acho que seja a santidade e única solução como os de direita ortodoxa querem fazer acreditar. Sabe porque? Porque tanto uma empresa estatal quanto uma privada, ambas tem no poder um ser que deveria ser humano. Os objetivos são diferentes, um seria o lucro e a outra seria servir. Porque não podemos ser eficientes ao servir?
Porque nós não queremos servir ninguém, nós queremos apenas ser servidos. Assim como, nós, não querermos ouvir ninguém, queremos ser ouvidos.
A situação política é o reflexo de nossa sociedade. As baixezas nas campanhas, é o que somos.
Veja só, o PT, ahh o PT ( minha decepção mais recente, 2002), deu um tiro no próprio pé, quando escolheu detonar a Marina, quando usou do jogo político sujo que sabe fazer bem, que o de suscitar o medo. Mas eles não contavam que o PSDB reagiria. Nem eu contava na verdade. O PT deu um tiro no próprio pé e agora vai pegar chumbo grosso, vai pegar o PSDB que está a altura de seu jogo sujo. PT e PSDB, dois partidos que sabem fazer jogo sujo, que sabem roubar, que sabem enganar, que sabem sorrir enquanto massacram, ou seja, briga de cachorro grande. Politicagem da pesada, e a política? Coitados somos nós, porque merecemos, porque não queremos discutir, conversar, dialogar e lutar pelo melhor.

A minha candidata era Luciana Genro, porque diferente dos 3 primeiros colocados, teve coerência com suas convicções. Teve postura, educação e uma maestria que me deixou literalmente de pernas bambas.

Não gosto de radicais, sejam eles do PT ou do PSDB. É tão asqueroso, ver dois oponentes criticando no outro, o que eles fazem. É hipocrisia pura. Torço para que Luciana não apoie nenhum deles.

Eu como cidadã, me foi imposto esse destino, ter que escolher um ou outro. Essa é a liberdade.
Uma coisa eu tenho clara em minha mente, como um jogo de xadrez é a política, também a guerra. As vezes é preciso recuar para avançar. Não, estou dando desculpas deterministas ou querendo impor meu voto, através de argumentos. Estou apenas desabafando, já que aqui é onde coloco meus pensamentos em ordem.

O PT tem só ladrão, não! A Dilma tem só defeitos, não!
O PSDB tem só ladrão, também não! O Aécio tem só defeitos, também não!

Esses dois são nossas peças do jogo de xadrez, um é retrocesso e outro é continuidade como dizem por aí? Que seja! Mas como cidadãos, devemos avaliar diferentes variáveis e ver que o fator tempo e continuidade é perigoso.

Muito provavelmente nesse segundo turno, de coração partido por não poder escolher o melhor, mas ter que fazer uma escolha estratégica, me inclino a Aécio, pelo simples fato de acreditar que o PT confundiu demais Estado e Governo. Porque não posso admitir que a coisa pública, seja apropriada por poucos em nome de todos. Não, não vão sujar as esperanças em servir a sociedade que ainda temos. Em 2002 acreditei em vocês PT. Hoje não mais, primeiro cederam ao capital, segundo estão ajudando os pobres sim, graças a Deus, mas na verdade estão é dando mais consumidores ao capital. Sim deveriam fazer isso, mas aliado a mudanças estruturais, que permitissem avanços sociais de fato.

Vocês serviram ao capital e hoje me obrigam a escolher quem entende melhor que vocês de servir ao capital, eles precisam voltar, pra fazer o trabalho sujo da economia capitalista para que seja possível continuar a ajudar os mais necessitados. Não acredito que o bolo tenha que crescer pra dividir. Mas se as regras do jogo são essa, que o PT volte a oposição e faça o trabalho que sabem fazer. Escolher o PSDB, não é tirar o PT do jogo, é sim dar-lhes outras funções. Vem vigiar aqui, do lado de cá.

Hoje o povo parece mais acordado e com o furor da perda do poder pelos petistas, dá uma combinação boa de se colocar o PSDB lá e ver se eles conseguem fazer a máquina econômica girar como a Dilma não fez.

Espero ter conseguido explicitar o jogo que se desenha em minha mente. Do jeito que tá, não há progresso. Acredito na alternância de poder, para que se esforcem mais da próxima vez.
Mas, que os próximos 4 anos, serão por mim dedicados para representantes como Luciana, sim esses serão meus próximos 4 anos.

Carta a candidata Luciana Genro

Luciana,
Não sei se essa mensagem será lida, ainda mais se chegará a você. Mas preciso deixar registrado por escrito que você renovou as minhas esperanças em política. Como se viu, não só as minhas mas a de milhões de brasileiros. Acredito, que o país não está preparado para tamanha qualidade que vi e acredito que tenhas. A sua inteligência fez meus olhos brilharem, você me ensinou muitas coisas durante os debates e suas entrevistas. Acredite, eu sou a prova viva de uma metamorfose ambulante, sou tão dialética quanto o movimento que a sociedade vive desde seu surgimento. Já acreditei no PSDB, já confiei no PT, já li Veja e acreditei em muitas coisas por lá escrita. Não tenho vergonha nenhuma em expressar antigas convicções, porque eu sou fruto dos embates de diferentes realidades. Mas não estou escrevendo isso aqui pra te contar minha história, mas para falar da sua. Não te estudei como o candidato Levy ( quanta infelicidade, em uma só boca), te conheci durante as eleições e me surpreendi tanto, que juro, meu coração batia cada hora que você se levantava nos debates. Todos os candidatos correram de você e isso me indignava, porque eu tinha sede de ouvir você falar. Confesso, que tenho uma queda pelo sotaque que você carrega, o que me deixava mais atenta. Isso também, não é uma expressão de amor, rs, não o amor entre dois seres. Seria talvez o amor pela sociedade que eu carrego em toda minha existência, que você me ensinou, que eu posso sim carregá-lo e acreditar em dias melhores. Luciana, você está a um passo a frente de nosso entendimento. Você diferente de Gentilli, estudou e conhece a evolução da sociedade. Você soube ler a história e sabe qual é o futuro do sistema, por mais que ele tenha durado mais que o previsto, você soube ler até mesmo as adaptações a que ele passou para se manter. Luciana, você está pronta para a mudança que virá, mas a maioria de nós não está. Queria uma chance de conversar com você cara a cara, pra ouvir você falar e te encher de perguntas, como se você fosse minha mestre. Queria até ter a audácia de debater algumas coisas que não concordo. rs! Eu admiro você até nos pontos que nos discordamos, se é que ainda sou capaz de lembrar algum deles. Quero parabenizá-la, não pelos votos que recebeu, porque você merecia muito mais. Você merecia o Governo. Quero parabenizá-la, pela sua conduta, postura e coerência. Queria ainda, pedir uma única coisa. Não suje sua imagem e convicções apoiando alguma das opções que temos para o segundo turno. Não sei, se és obrigada a fazer isso, ou se existe algum motivo que a leve a fazer. Mas no meu sonho utópico, você se mantém longe dessa bipolarização que se perpetua no país. Você ou seus assessores, ou ainda a pessoa que é paga para ler suas mensagens, ainda verá muitas mensagens minhas.
Abraços de quem luta dia após dia, para entender o que se passa com a sociedade.

Ps: Sim, ela foi minha candidata.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um turbilhão de pensamentos...

Querido Blog,

Nunca me imaginei chamando algo inanimado de querido. Mas é vivendo e aprendendo as sensações.
Em 24 horas minha vida passou por tantos, mas tantos assuntos que eu precisava escrever pra tentar colocar tudo em ordem e deixar registrado o que penso hoje.
Primeiro, a Morte. Ontem tive contato com ela, e pensei que esse é o momento mais triste da vida de alguém, isso porque não era um ente querido meu, mas de um amigo. Aí pensei, que a Morte é a única coisa certa que temos na vida, mas não somos treinados ( se é que essa é uma boa palavra) a suportar ela. É uma verdadeira quebra de paradigma. Mas é também um ensinamento ou deveria ser. Sabemos que quem amamos pode ir embora no minuto seguinte e ainda somos capazes de ser cruel muitas vezes, deixando a raiva sobressair ao amor. As vezes somos apenas ausentes, quando queríamos estar ao lado de quem nos faz bem. Depois de cada enterro, eu sempre fico muito sentimental e com um eco dentro de mim, gritando que precisamos parar e ver pra que lado estamos indo. Rever nossas prioridades, sonhos e vontades. Precisamos mesmo viver uma vida inteira negando nossas vontades na ilusão de que um dia teremos tempo para recuperar o tempo perdido?

Contraditório não? De certa forma perdemos tempo para depois achar que podemos recompensá-los. Porque? Quando começamos a ser tão burros assim? Porque não viver logo o tempo dado, oras?

Isso não está só ligado a morte. Está ligado também a tudo o que estamos nos tornando, como sociedade mesmo. Sistema de mercado, política, direitos dos gays, socialismo, utopia são tantos discursos que as vezes falamos sem pensar, defendendo na maioria das vezes aqueles que só querem nos usar.

Sabe, quando eu era criança e me contaram do que tinha sido a escravidão e eu fui nos porões em Ouro Preto-MG e entrei num local que era uma ex-senzala eu senti um arrepio no meu corpo todo e as lágrimas tomarem meus olhos, sem muito saber o porque. Naquele momento eu perguntava a minha "tia" da escola, o porque que os escravos eram a maioria e nunca inverteram essa situação? Ela dizia que os brancos tinham armas mais poderosas. Isso nunca me satisfez.

Levei anos até descobrir que existe um domínio ideológico, que negros vendiam negros e que os escravos chegaram ao ponto de acreditar que eram mesmo inferiores, pelo menos muito deles acreditaram.
E sabe o que é pior? Continuamos a reinventar quais populações devem pagar o preço para que haja domínio. Hoje, acreditamos que pobres são pobres, porque são vagabundos e não querem trabalhar, acreditamos que quem quer tem ascensão financeira. Pior!!! Acreditamos que o cara mais rico do mundo não tem nada a ver com a pobreza do restante do mundo, afinal de contas ele doa milhões para várias entidades. E não importa quem seja o mais rico do mundo no momento ou no momento seguinte.

Quando foi mesmo que acreditamos que tem uns melhores e piores? Quando foi que passamos a aceitar migalhas? Sim, poder comprar um carro é migalha. Poder ter alguns benefícios financeiros é a migalha que te cega e te faz dormir bem todos os dias, enquanto milhões morrem de fome, frio, sede.

Somos tão egoístas, mas tão egoístas, que julgamos certo, mudar o curso de um rio, para alimentar de água uma metrópole, que hoje se encontra sem água. Não preciso falar qual.
O que mais e preocupa, me machuca, me dói, é que não aprendemos com a nossa própria história, com nossos próprios erros. Em fico tentando achar onde está o erro nessa engrenagem.
Fico buscando o porque nosso feeling só se dá para momentos passados?? Quero achar a peça que ajusta isso, para podermos ter a capacidade de olhar pro passado e não errar no presente e podermos pensar melhor o futuro.

Mas uma coisa é certa, se há um pacto social que definiu que tem mesmo que uns morrer de fome pra outros esbanjarem no Caribe, ok. É um pacto social. Mas eu tenho convicção que não há esse pacto social, ninguém perguntou se o cara que passa fome quer continuar passando fome. Aliás, ninguém explicou pra ele com total sinceridade que poderíamos melhorar a vida dele, com um pouquinho mais de humanidade. É aquilo que deveríamos ser, humanos.

Até o dia em que chegar a única certeza da vida de todos, a morte. Eu estarei com a mente em pleno vapor, buscando onde posso ajudar. Nem que seja, me mantendo incorruptível, o que já é uma vitória nesses dias de hoje.

Hoje sugiro alguns textos, caso alguém se esbarre por aqui:

http://leonardoboff.wordpress.com/2014/09/28/a-politica-entre-a-utopia-e-a-realidade/

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/em-palestra-na-ufrgs-mujica-defende-a-liberdade-como-contraponto-ao-consumismo-4595242.html

http://pitadasdosal.com/2014/09/11/dez-razoes-para-nao-aprovar-o-casamento-gay-no-brasil/

O último texto é a ironia necessária pra convivermos com a hipocrisia.